Wednesday, March 02, 2005

3º Capítulo

Claro que nunca mais a vou ver na vida
Mas não importa
Ela fez algo de importante por mim
Talvez seja a pessoa a quem me sinto mais grato
No fim de contas
Deu-me o que tinha falta

Linda, linda
Linda mas não para mim
Enfim recônditos laços
Esquecidos para sempre
Amanhã levarei outra rasteira
E não me lembrarei dela nunca mais

Mas este dia não foi de rosas
Porque são as pessoas tristes
Porque será
Que o mundo está assim
Isto é cada vez mais comercial
Só dinheiro
Consumismo
Desprezo pelas pessoas
É indelicado ser delicado hoje
Impossível

Até estou a detestar-me
Não consigo escrever em condições hoje
Sei porquê
É porque o interior não sofre
Infinitamente mal
Cada vez mais acredito
O que move a caneta eu poética
É a dor não o humor
O sofrimento e não felicidade
A utopia do ser que não se é

Por isso me escapa a inspiração
Estes versos alegres demais
Pouco ricos
Mas ainda bem
Pode ser que nunca mais escreva
É bom sinal

Dobrem pela morte do sofrimento
Dobrem sinos tocados por
Imaginem
Donzelas vestidas de nu
Tiritando de frio
E que vai aquecê-las
Eu não que já lá está alguém

Obra de arte maliciosa
Estou aqui à espera
Terrena morte
Ilusão do sonho
Ideias desconexas
Surgem metafisicamente

Eu, olá, chegou, criou
Riu, lembrou, sozô
Não vêem nada de nada
Oincapnoploque
O que é isto?
Algo de estranho ao desabafo

É algo saturado
Cá dentro
Que tenta sair
Eu, só, uno
Não múltiplo como alguns
Mas múltiplo esse com razão
É demasiado frustrante
Ser-se génio interiormente
E azelha no real

E não é azar como alguém diz
Azar vem azelha
É capaz de ter razão

É apenas o aprofundar de coisas menos importantes
Imortais
Fecha a porta
De mais um dia passado
Ao largo.

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